Dizem por aí que essa é uma questão banal, boba até. É óbvio o que é de verdade. Palpável. As paredes da sua casa, as estradas em zigue-zague atravessando países, bolinhos tipo chipa no café da manhã, o cachorro na sacada, o boleto da escola das crianças, e até o sobe e desce da bolsa. Tudo real. Nosso cérebro devia se acostumar e nunca se desviar.
Acontece que os humanos nasceram para o desvio. Uma qualidade inata que herdamos do macaco mais antigo. Rotas certas nunca nos bastaram. Nós queremos mais, somos inconformados por natureza. Talvez a pitada divina que habite em nós: somos criadores. E para criar, você sabe, é preciso mais do que fatos comprovados, disciplina, observação, conhecimento e estudos científicos. É preciso ter imaginação!
Essa é a terra onde tudo é possível. Nós quisemos imitar os pássaros, e o fizemos. Lemos as aventuras de ficção científica e conhecemos submarinos antes mesmos de eles existirem (na vida real). Inventamos uma sociedade monitorada (controlada?) pela inteligência artificial, por robôs virtuais (eles são reais?). Hoje, nem as leis da gravidade nos seguram em nosso planeta. Nós já superamos os limites do que é conhecido um milhão de vezes. E a culpa disso é a nossa imaginação. Fértil, sonhadora, doida.
Neil Gaiman é um escritor desse tipo. Se você não experimentou, bem que podia se arriscar. Vamos falar de um livro, escrito por ele em parceria com Terry Pratchett (outro criador sem limites): Belas Maldições As justas e precisas profecias de Agnes Nuteer, Bruxa, Bertrand, Brasil, 2017. Você vai ver um anjo e um demônio serem amigos e confiarem um no outro; conhecer a criança amaldiçoada e gostar dela; acompanhar toda a linhagem de uma poderosa bruxa e acreditar em suas profecias; engraçar-se com caçadores de demônios, e até torcer por um romance improvável.
E quando fechar a última página, vai estar feliz. Porque o livro é divertido demais! E também porque vai ter dentro de você uma sensação tão boa de poder. O poder da imaginação. Ele muda tudo. É bem como Einstein disse: A lógica pode levar de um ponto A a um ponto B. A imaginação pode levar a qualquer lugar. Então, sabe aquele conselho de não confunda imaginação com vida real? É tudo bobagem.
Imaginação é tudo!